quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Discursos retrógrados e selvagens ainda maculam nossa rotina

O passado não existe apenas para gravar numa lápide uma mensagem de despedida. Ele existe para nos lembrar que é preciso, sempre, viver o presente com os ensinamentos, conquistas e experiências já adquiridos, por nós mesmos ou pelos outros. Quem já não se perguntou o por quê de existir o Dia da Mulher, em 8 de março? Há quem diga: ah, mas isso é machismo, dia da mulher é todo dia. Mas poucos reconhecem que essa data é para não nos deixar esquecer que mais de 100 mulheres morreram queimadas porque estavam protestando por igualdade. Hoje, ainda, em pleno século 21, ouvimos críticas machistas, piadinhas de mau gosto, observações hipócritas e medíocres. E ainda temos que protestar, exigindo respeito e igualdade.


Apesar de tudo, nós, mulheres, vivenciamos uma evolução absurda, de libertação, de conquistas, de sabedoria, enquanto que grande parte dos homens ainda mantém uma mente retrógrada. Nós progredimos, avançamos, mas ainda temos que combater uma cultura machista e egoísta. O Dia da Mulher é celebrado desde 1975, quando as Nações Unidas decidiram homenagear as operárias têxteis de uma fábrica dos Estados Unidos, que, em 1857, entraram em greve e ocuparam o prédio da empresa para reivindicarem a redução do horário de trabalho. Na época, elas cumpriam uma carga horária de mais de 16 horas diárias e recebiam menos de um terço do salário dos homens. Durante a manifestação, as operárias foram trancadas na fábrica, que foi incendiada pelos patrões. Cerca de 130 mulheres morreram carbonizadas. Por isso eu aceito, de bom grado, quando me dizem no dia 8 de março: “Feliz Dia da Mulher!”

Quando vejo críticas e manifestações contrárias à liberdade feminina, vejo que ainda resta em nossa sociedade o resquício da cultura da era das cavernas.

Até quando nós vamos permitir que milhões de meninas sejam submetidas à mutilação genital? Algumas comunidades do norte da África e Oriente Médio ainda praticam a circuncisão nas meninas. Dados da ONU indicam que entre 100 e 140 milhões de meninas e mulheres sofrem atualmente as conseqüências deste costume que é praticado por muitos grupos étnicos em mais de 30 países. A tradição dessas comunidades faz com que pais providenciem para suas filhas a remoção do clitóris, e até mesmo dos lábios vaginais. Pode ser uma circuncisão primária que é feita em meninas jovens, normalmente entre 5 e 12 anos de idade, ou uma circuncisão secundária, feita depois do parto.

Essa prática horripilante pode causar complicações, que podem ser agudas: hemorragias, infecções, sangramento dos órgãos adjacentes, dor violenta. Ou até mesmo complicações tardias: cicatrizes, infecções urológicas crônicas, complicações obstétricas e problemas psicológicos e sociais. Isso quando elas não morrem.

Tal “costume” visa preservar a virgindade de meninas jovens e limitar a sexualidade da mulher. Mas na real é uma forma de opressão, um método criminoso, que elimina o prazer sexual da mulher.

A lista de horrores segue também por outras culturas. Em muitos povos as meninas são proibidas de ir à escola e condenadas ao analfabetismo. Mulheres impedidas de trabalhar e de andar pelas ruas sozinhas. Milhares de viúvas que, sem poder ganhar seu sustento, dependem de esmolas ou simplesmente passam fome. Mulheres têm os dedos decepados por pintar as unhas. Casadas, solteiras, velhas ou moças que sejam suspeitas de transgressões são espancadas ou executadas.

Por quê ninguém muda essa selvageria?

2 comentários:

  1. Anônimo12.11.09

    Resumindo: EU GOSTO É DE MULHER! Discursos? Eles passam.
    t.o.m.

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  2. meu amigo, o que tá faltando é isso mesmo: que os homens gostem de mulher!! e ponto final!
    valeu, bjs

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