segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Toda mulher tem seu Herivelto

Toda mulher tem seu Herivelto. O título foi dado por uma amiga, semana passada. De uma clássica conversa entre duas mulheres sai a sentença. Quem assistiu parte, ou toda a minissérie Dalva e Herivelto, que mostrou a vida da diva dos áureos tempos da época de ouro do rádio brasileiro sabe do que estou falando. Quando minha amiga disse que viu no personagem minissérie o típico homem que assombra, ou assombrou, um bom número de mulheres, inclusive nós duas, ela percebeu que deveria ser tema do Luluzinhas. É. Se não é toda, é boa parte das mulheres que já sofreu uma vez na mão de um homem. Mentiras, traições, e o pior, inversão da culpa, um dos piores e mais cruéis mecanismos de defesa que a ala masculina utiliza.

Não ta entendendo? Explicarei. No caso da minissérie, o cara foi pego pela mulher dando uns pegas, uns amassos, um beijos aqui e mão lá, dentro de seu carro, com outra mulher. Ele sai do carro, a amante foge, e a esposa grita desesperada, xinga a quinta geração do safado e ele olha pros seus pés e começa a insultá-la porque ela está de chinelos!!! É !!!! Como ela, uma cantora, uma estrela, diva da música, estava li na rua, de chinelo!!!!!! Disse que ela não era uma “lavadeira”. Fica irritado. Não. Fica furioso com ela. Dalva perde o prumo. Esquece que ela quem deveria estar dando uns safanões no salafrário... ele consegue se safar, sai de bom, e ainda ofendido!!!!! O cara ataca, de forma maquiavélica, pra se defender!!!

Pois é... isso foi lá nos idos dos anos 30, 40 ou 50, não sei ao certo. Mas a estratégia masculina ainda continua em voga. São os discípulos de Herivelto. Dissimulados, os caras são muito, mas muito caras de pau. Depois, vêm uns reclamar que as relações andam superficiais, que ninguém quer nada com nada... ninguém uma ova! Eu tenho defendido que se hoje existem muitas separações ou troca-troca de companheiros ou namorados, é porque nós, mulheres, depois do advento da libertação feminina, não suportamos mais nada de submissão. Mas ainda sou mal compreendida.

Aí, graças a dio, vem uma psicóloga e psicoterapeuta, Maria Aparecida Diniz Bressani, que atesta que estou certa: que os desencontros amorosos ocorrem porque a sociedade mudou; as mulheres mudaram. Em seu texto, a psicóloga faz um relato sobre a evolução dos tempos, desde a história antiga, na qual a missão do homem era disseminar sua semente, por isso a poligamia era estabelecida, onde aquela máxima “crescei e multiplicai-vos” era vivida ao pé da letra, e portanto não era importante o relacionamento homem-mulher como um relacionamento amoroso. Depois, com o cristianismo, o enfoque do relacionamento humano tem uma pequena alteração, com o conceito de casamento monogâmico, de a mulher se preservar, manter-se casta, à espera de alguém especial, que se tornasse seu marido. A mulher continua em posição de inferioridade, à espera, passiva... O homem continua no papel de provedor e a mulher, de procriadora. Conforme a psicóloga, a partir do momento em que mulher buscou a igualdade em relação aos homens – no século passado – as coisas começaram a sair do eixo, parece que as coisas não se encaixaram mais...

Os papéis, antes estabelecidos – homem como provedor e mulher como procriadora – já não se sustentam por si nesta nova condição de papéis, pois a mulher não se contenta em ficar em segundo plano, descobriu que pode ser sua própria provedora. Ela afirma que parece que precisamos fazer uma reformulação de nossas crenças, valores e papéis sociais. Vivemos um paradoxo, pois existe uma grande confusão: crenças e valores herdados, ainda da idade média, misturados às novas conquistas sociais.

O que fazer então, para homens e mulheres se respeitarem conseguirem levar uma vida harmoniosa? Conforme Maria Aparecida, precisamos entender que estamos num estágio tal de evolução que não nos permite viver na ignorância de nossa individualidade dentro de uma relação. É preciso que ambos entendam sua cota de responsabilidade dentro de uma relação

Precisamos, tanto coletiva como individualmente, reformular o que é relacionamento amoroso. Para Maria Aparecida, é preciso que a nossa geração desenvolva novos conceitos para o presente momento, para que possamos estabelecer novos códigos – códigos comuns à atualidade – dentro das novas necessidades do ser humano contemporâneo. Enquanto isto não acontecer, só haverá encontros e desencontros.

Algumas dicas dela, que é psicóloga e psicoterapeuta: antes de mais nada é necessário reformular os conceitos, como já foi dito.

1) O primeiro passo é se ter consciência sobre a própria individualidade; cada pessoa deve saber quais são sua reais necessidades, as mais prementes na própria vida.

2) O segundo passo é saber que se precisa ter tais necessidades satisfeitas, em prol da saúde emocional de cada um.

3) O terceiro passo é que cada um de nós se permita o direito de ter essas necessidades satisfeitas, para que tenhamos uma vida feliz.

Pra finalizar, ela indica que, para que possamos reivindicar o direito à satisfação de nossas necessidades, primeiro precisamos assumir total responsabilidade sobre a nossa pessoa. Portanto, ninguém é responsável pela nossa vida nem pela nossa felicidade, porque ninguém pode ser vital à nossa sensação de felicidade e auto-respeito a não ser nós mesmos.
Portanto, o novo conceito de alma gêmea poderia ser o de duas pessoas inteiras, que se encontram, que têm muitas afinidades e que estabelecem uma relação de amor, respeito, cumplicidade e intimidade.

Moral da história: cada um deve saber o que é bom para si, permitir-se, e não se sujeitar às vontades do outro, se isso contradiz tudo aquilo em que se acredita.

Só mais uma coisinha: nunca permita que alguém inverta a acusação. Sabe aquela história de se defender acusando? Qualé... saiba usar a mesma arma do opositor!!

2 comentários:

  1. Anônimo19.2.10

    verdade absoluta

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  2. aleluia !!! té que enfim alguém concordou comigo!!
    obrigada senhor ou senhora anônimo(a)

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