segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Caso ou compro uma bicicleta ???

- Neste ano ou eu troco de carro ou troco de mulher.
- Por que não troca os dois?, questiona o homem mais velho, que presumo ser o pai do rapaz.

Ouvi esse diálogo dias desses, num cartório. Tudo bem, é feio ouvir a conversa dos outros, mas, neste caso, eles não sussuravam, estam sentados ao meu lado, enquanto aguardávamos a chamada. Até ouvir essas duas frases estava li, submersa em meus pensamentos, mas aquilo ali despertou minha curiosidade. Aí o papo continuou.

- Tá vendo essa aqui?, o rapaz saca o celular e mostra uma foto pro pai. É uma gata e a outra fica enchendo minha paciência. Se bobear, vou pedalar.

Sabe o que o mais experiente falou?

- Meu, troca de mulher, mas antes disso apaga essa foto aí. Eu apago tudo do meu celular. Mensagens, ligações... tudo. Tu acha que a “fulana” não vai xeretar no celular enquanto a gente dorme? Melhor prevenir – aconselha.

Aí eu fiquei pensando: é a síndrome do ano novo. Todo mundo quer vida nova no ano novo. Mas quando existe amor, num relacionamento, nessa vida nova sempre se inclui o parceiro (a). O garotão ali não tava colocando a namorada ou mulher, não sei, no planejamento de 2010. Só o fato de supor uma “troca” já demonstra que a garota já era carta fora do baralho. O caso é que ali já não existia amor.

Então lembrei que dias desses fui questionada sobre o que era amor. Meu... difícil definir... mas pra mim é ter aquela vontade de estar sempre junto da pessoa amada, de ir a um lugar e pensar: “queria que meu amor estivesse aqui comigo”. Mas então... eis que há uns dois dias abro um texto e tem uma definição de amor muito bacana: “O amor surge como uma vontade que nunca se sacia”. É verdá!!!

Acredito que o amor ultrapasse aquela barreira da paixão, que é um processo irracional. Se a gente fosse absolutamente racional, não se apaixonaria nunca. O amor não é só aquele fogo, o fogo tem que existir, inegavelmente, mas o amor é mais que isso, é sublime, transcendental. O Contardo Calligaris, um psicanalista que escreve na Folha de São Paulo, dia desses escreveu sobre o filme Closer – Perto Demais. Disse que a inconstância amorosa talvez seja a expressão imediata do desejo de mudar - não de trocar de parceiro, mas de se reinventar. Achei perfeito. Não é preciso mudar de parceiro, se algum dia o amor esteve ali presente, para haver renovação. O fato é que nós temos o hábito de nos acostumar, nos acomodar, e nem percebemos que aquela florzinha, que é o amor, vai murchando.

Quando se ama, o amorzinho - como diz o Chico - não apenas sacia nosso desejo, nossos instintos, mas nos dá um relaxamento profundo, um faiscante brilho no olhar e aquele incontornável sorriso no rosto. Sorriso que se perpetua dias e dias, que faz com que teus amigos questionem o motivo de estar sorrindo "daquele jeito". Rindo à toa.

Quando esse sorriso se apaga... meu, já era. Mas voltando ao rapaz e ao senhor - logo fiquei imaginando a namorada ou mulher do cara que já tava com uma foto de outra mulher no celular... quem sabe ela também não estivesse afim de “trocar” de parceiro... justo né, já que certamente a relação já não tava legal.

O legal mesmo é não ir pedalando nossos planos. Subjetividade, devaneios, não farão com que o ano novo flua bem e traga coisas boas. Já estamos chegando ao fim do primeiro mês de 2010... tá na hora de parar de prometer e colocar o planejamento em ação... ou tudo aquilo que você se comprometeu a fazer, olhando pro céu ou pro mar na virada do ano, não terá validade. Como disse Iyanla Vanzant, em seu livro Enquanto o Amor Não Vem: limpe seu lixo, jogue tudo que não presta fora e permita-se ao novo... não precisa ser tudo novo... uma renovadinha já quebra o galho né?!

2 comentários:

  1. Oi, o amor, da forma como é vendido, não existe. O amor é um conjunto de coisas, a começar pela paixão. rolou a química, a atração, se instala a paixão. Mas a paixão tem vida breve. pode durar dias, semanas, meses e até alguns anos. mas vai diminuindo gradativamente. e aí é que as outras coisas precisam ser consistentes, coisas forjadas no fogo da paixão: a amizade, a afinidade, a cumplicidade (fundamental), o respeito, diálogo (imprescindível), tolerância, a admiração mútua. Junta tudo isso e temos o amor.
    complicado né? Mas possível.

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  2. É, meu amigo, complicado mesmo... mas se tu, um exímio conhecedor da alma feminina e um eterno apaixonado, está dizendo, eu acredito sim!
    Valeu!! Tava me sentindo que nem o Collor: "não me abandonem, não me deixem só!"
    Beijos

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