sábado, 24 de abril de 2010

Diabólica sedução angelical

Baseado numa história real.

A noite parecia ser como outra qualquer. Gente bonita, gente feia, gente chata. Gente sem sal ou sem conteúdo, que nenhuma champagne poderia reverter tal situação. Até que chamam ao palco um dos jurados do concurso de beleza. Talvez a visão mais bonita dos últimos tempos que Ela tinha testemunhado. Ele não caminhava até o mestre de cerimônias. Flutuava, como um anjo caído do céu. Alto, mostrava seus braços bem torneados sob uma camiseta que também deixava as mentes imaginarem o peito que estava sobre ela. As pernas. Másculas, sob uma calça jeans na medida certa pra fazer a imaginação fluir solta. E o sorriso... ahhh, o sorriso, iluminou o palco mais que os flashs das câmeras fotográficas e a iluminação das câmeras de Tv. Roubou a noite das moçoilas que iriam desfilar. Assim como toda a torcida do Flamengo e do Internacional juntas, Ela ficou sem fôlego. Mas sentiu que não o reconhecia como já tinha ocorrido em outras ocasiões – duas, mais precisamente – nas quais bateu os olhos nas criaturas e pensou: “que bom que te reencontrei”, como se já tivessem se cruzado em ouras vidas.

Esse não. Não era um reencontro. Um resgate. Era apenas uma doce criatura que viera ao mundo pra fazer muitos olhos brilharem. Ela ficou sem fôlego mas logo se refez. Da coxia do palco via toda a movimentação do concurso. No final, os jurados, e Ele, inclusive, saíram para beber algo. Ele desceu as escadas e logo atrás uma Barbie se pendurou em seu pescoço, o convidando pruma cerveja. Saíram, ambos, pra buscar a bebida e ficaram num canto conversando. Ela pensou: “pronto. O bofe foi fisgado”. O homem mais bonito da festa é fisgado por uma traveca. Linda, diga-se de passagem. Mas a legítima Barbie.

Sabendo que a noite iria reservar apenas bla bla blás medíocres, depois daquela visão estonteante e também brochante, Ela ficou ali, num canto, conversando e desconversando uns bobinhos que insistiam naqueles papos chaaaaatos. Pronto. Era hora de revelar a ganhadora do concurso. Entregues os prêmios e títulos eis que Ele sai rapidamente da mesa dos jurados e bate o olho n’Ela. Sorri. O sorriso era como aquelas manhãs em que se abre a janela e o sol brilha solitário no céu.

- Oi! Diz ele, no mesmo instante que ela também diz um "oi"

- Nossa... cansei daqueles holofotes do palco. Tava querendo mais uma cerveja. Topa?

- Claro – diz Ela.

- E então, pra onde você vai depois daqui?

- Ainda não sei – Ela responde.

- Vamos dançar. Vai uma galera pra boate daqui a pouco.

E nisso chega a Barbie, com sorrisinho fake made in Paraguai.

- Oi querida – virando imediatamente para ele. – E então, mais uma cerveja?

- Depois – Ele responde, dando as costas pra Barbie e sorrindo pra Ela.

- E então, já decidiu¿ Vai conosco ou com teus amigos pra festa?

Contigo, contigo, pensou Ela.

- Tenho que ver com o pessoal – respondeu.

- Então tá. Faz o seguinte, me deixa teu telefone que depois a gente se acha na festa – disse, puxando seu celular do bolso. Telefone gravado, ele engata aqueles papos de quem está se conhecendo. De onde, o que faz, o que achou da programação, coisa e tal.

Nisso, Ela olha e vê seus amigos indo embora.

- Tenho que ir. Prazer em te conhecer.

Saiu correndo, mas ainda com tempo de dar olhadinha pra trás e ver uma multidão de mulheres se aglomerar em volta dele, pedindo fotos.

De volta a realidade. Dentro de sua abóbora, Ela já estava de banho tomado, uma hora depois, quando seu celular tocou.

- Oi. E então vamos¿ Queres carona ou vai sozinha?

Ela não acreditou. O anjo!!!!!

- Eu vou, pode deixar.

Tirou todas as peça do guarda-roupas e decidiu. Nada de peruagem. Shortinho e uma blusinha. Sandália de salto alto, um brincão, perfume e batom. Pronta a produção.

Na porta da boate Ela pensou em dar meia volta. Como iria achá-lo? E eis que ele chega na portaria, dizendo que ia deixar autorização junto a recepcionista para que Ela pudesse entrar, direto, sem fila.

-Que bom que já está aqui. Entra, vamos lá pra dentro.

Com uma das mãos na cintura dela, Ele a conduziu até a pista e a puxou pra si, delicadamente. Foi uma fração de segundos que parecia uma eternidade. Encostou seus lábios carnudos nos dela e a fez perceber que o céu, realmente, abre suas comportas e deixa uns anjos virem pra terra fazer uns mortais felizes.

Atitude, meus amigos. Atitude.

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